





A escolha visual de Virgínia Fonseca para depor na I das Bets não foi aleatória — muito menos despretensiosa. Ao Purepeople, a consultora de imagem pessoal e corporativa Clara Laface afirma que o moletom com o rosto da filha, o cabelo solto, os óculos jovial sem armação e o copo Stanley rosa "compõem um visual pensado para construir uma narrativa de juventude, afeto e suposta inocência" diante de um cenário institucional de seriedade e responsabilidade. l1313
De acordo com Clara, a aparência comunica antes da fala — e, muitas vezes, em sentido contrário ao conteúdo. "No caso de Virgínia, temos o uso de elementos simbólicos que sugerem vulnerabilidade, leveza e uma certa 'despreocupação maternal', em contraste com o contexto de uma investigação pública que envolve contratos milionários e publicidade de sites de apostas", explica.
A especialista afirma que esse tipo de construção é um exemplo clássico de como a estética pode ser usada para suavizar julgamentos sociais e influenciar o imaginário coletivo. Já do ponto de vista técnico, a escolha do moletom com o rosto da filha e o copo Stanley de Virgínia durante I das Bets funciona como um "apelo afetivo":
"São elementos que remetem ao universo doméstico e familiar — símbolos de uma persona comum, que tenta se afastar da imagem de uma mulher empresária poderosa e influente. Para quem observa com atenção, percebe que há intencionalidade por trás da aparência “casual”.
Para Clara, trata-se de um visual com discurso: a imagem de quem não oferece perigo e, portanto, não merece julgamento severo.
"Esteticamente, a escolha não é adequada ao ambiente em que ela estava inserida. Uma I é uma instância oficial do Estado, que exige postura e respeito — inclusive na forma de se apresentar. Mas a questão vai além do dress code. Quando a imagem pessoal é usada para encobrir ou distorcer responsabilidades, ela deixa de ser uma ferramenta legítima de posicionamento e a a operar como uma espécie de blindagem", acrescenta.
Por fim, Laface completa dizendo que figuras públicas constroem sua imagem com intencionalidade. E nesse caso, o visual fala — e fala muito. "Não há inocência na forma quando se tem domínio de influência. A comunicação não verbal de Virgínia Fonseca foi, sim, estratégica. Mas ética? Essa é outra conversa", finaliza.