





O tempo a e 'Vale Tudo' completa um mês no ar. A grande aposta da Globo, que celebrou 60 anos de história em abril, iniciou em 31 de março cercada de cuidados essenciais: escolha criteriosa de elenco, direção precisa, trilha sonora marcante e um roteiro afiado. 51a61
Embora a versão original de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres esteja viva na memória do povo, a adaptação de Manuela Dias tem dado o que falar, dentro e fora da telinha.
Pensando nisso, o Purepeople reuniu os principais acertos e deslizes da nova novela das nove.
Veja o que contribui para que 'Vale Tudo' 2025 seja lembrada positivamente pelos próximos anos:
Desde a estreia, Taís Araújo tem sido amplamente elogiada, seja pelo público, pela crítica ou pelos colegas de elenco. E não é por menos! A atriz imprime carisma, força e emoção à protagonista, em uma atuação que confirma seu talento e merecimento de um papel de peso, após produções onde foi injustiçada.
A Globo não poupou homenagens em sua nova versão de 'Vale Tudo'. Antecipada para atrair telespectadores, a abertura conquistou o público ao retratar, com sensibilidade e impacto visual, a realidade do Brasil, com imagens que simbolizam o trabalho ao desemprego, a riqueza e a pobreza, a alegria até a musicalidade presente na raiz do brasileiro.
Paralelamente, um dos momentos mais emblemáticos é a aparição de Gal Costa cantando a icônica Brasil, nos segundos finais da abertura.
Além disso, a nostalgia toma conta do coração dos mais antigos ao relembrar sucessos de Lenine, Xande de Pilares, Emicida, Os garotin, Roberto Carlos, Caetano Veloso, e mais. Ou seja, uma trilha que reforça a relação do Brasil com MPB, samba, música urbana e mais.
Além de Taís Araújo, 'Vale Tudo' traz diversos acertos em seu time de atores. Destaque para atuações de Malu Galli, Julio Andrade, Matheus Nachtergaele, Cauã Reymond, Alice Wegmann, Paolla Oliveira, Alexandre Nero, Luís Lobianco, Karine Teles, Belize Pombal, Ingrid Gaigher, João Vicente de Castro, Lucas Leto, Maeve Jinkings e Lorena Lima.
A nova versão avança em temas que, em 1988, seriam impensadas ou polemizadas. A relação homoafetiva entre Laís (Lorena Lima) e Cecília (Maeve Jinkings) não precisou de uma explicação didática. Desde os primeiros minutos, o público já é apresentado ao amor das donas da pousada.
Outro destaque foi registrado no primeiro capítulo, quando Raquel (Taís Araújo) revida o tapa que levou de Rubinho (Julio Andrade). Na primeira versão, a personagem de Regina Duarte se mantém calada quando o Rubinho de Daniel Filho a esbofeteia.
Mesmo com méritos, a novela tropeça em alguns pontos, íveis de ajuste até seu encerramento, previsto para setembro:
A chegada de Odete Roitman nesta semana foi marcada por comentários complexos. Embora Debora Bloch esteja bem no papel, a impostação de voz da atriz para mostrar poder causa estranheza. A personagem tem potencial, mas a sonoridade exagerada enfraquece sua naturalidade.
Leila, de Carolina Dieckmann, demorou para ganhar espaço, surgindo de forma apagada e com diálogos rasos. Nesta última semana, a personagem ganha mais destaque ao começar seu trabalho na Tomorrow.
A polêmica maior fica na pele de Luís Salém como Eugênio. O mordomo é um grande alicerce na vida da família Roitman, no entanto, a falta de características únicas do personagem o torna o mais do mesmo.
Assim, o talento impecável de Luís Salém é dispensado pela Globo. Conhecido por sua comédia escrachada em novelas de Miguel Falabella, o veterano perde e muito em comparação ao personagem de Sérgio Mamberti em 1988, que citava trechos de clássicos do cinema. Essa característica única tornaria o personagem mais profundo, e não apenas um serviçal genérico.
A suposta briga entre Cauã Reymond e Bella Campos agitou a web nas últimas semanas, tornando-se mais interessante do que a própria ficção.
Os bastidores causaram tanto agito que, cogitou-se a saída de Cauã Reymond da trama. Essa onda de problemas pode enfraquecer a novela, impactando negativamente no ibope, que está aquém do esperado.
'Vale Tudo' de 1988 tornou-se uma das novelas mais importantes da teledramaturgia brasileira por 'tocar na ferida' do cidadão brasileiro. Entre os temas recorrentes, estavam presente o racismo, a ambição a qualquer custo, as falas preconceituosas e o machismo exacerbado.
Na nova versão, Manuela Dias tem retratado assuntos de forma sutil, deixando a novela leve, mesmo em mundo mais maduro e conectado após 37 anos.
Erros de continuidade são comuns em novelas. No entanto, com o público mais atento e as redes sociais amplificando tudo, deslizes não am despercebidos. Entre eles, a cena do enterro de Rubinho, carregada de emoção, foi palco de uma pequena gafe: Raquel joga uma margarida branca sobre o caixão, mas, após o corte, repousa uma rosa branca.
Já o roteiro peca em fazer o telespectador mais uma vez de bobo quando se trata de tecnologia. Como Solange não salvou a cópia de um documento importante na nuvem, ou mais simples ainda, em um pen drive? Além do mais, como a inteligente personagem tem uma cópia impressa na empresa e não em casa?